Caso Sandra Mara: Acusados do crime são condenados em juri popular em Palmeira das Missões
O acusado de executar a vitima, Ismael Bonetto, foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão, e o acusado de ser o mandante do crime, o marido de Sandra e ex-vereador de Boa Vista das Missões, Paulo Ivan Baptista Landfeldt, foi condenado a 34 anos e dois meses de prisão, ambos em regime fechado.
Publicado em 26/06/2025 às 23:30
Atualizado em 27/06/2025 às 06:18
Capa Caso Sandra Mara: Acusados do crime são condenados em juri popular em Palmeira das Missões

Foto de Maicon Ferreira / Rádio Avenida

Após dois dias de julgamento, nessa quinta-feira (26), o Tribunal do Juri da comarca de Palmeira das Missões condenou os acusados de matar Sandra Mara Lovis Trentin no ano de 2018. O acusado de executar a vitima, Ismael Bonetto, foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão, e o acusado de ser o mandante do crime,  o marido de Sandra e ex-vereador de Boa Vista das Missões, Paulo Ivan Baptista Landfeldt, foi condenado a  34 anos e dois meses de prisão, ambos em regime fechado.

As penas, proferidas pelo Juiz de Direito Gustavo Bruschi, da Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões, foram relativas aos crimes de  homicídio qualificado (por motivo torpe, mediante paga ou promessa de recompensa, com recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, e feminicídio), além do crime conexo de ocultação de cadáver.

O segundo dia de julgamento

Após um primeiro dia marcado pelas oitivas de testemunhas e o interrogatório de Paulo Ivan, o segundo dia iniciou por volta das 08h40min, com o interrogatório do segundo réu, Ismael Bonetto, que foi questionado tanto pelo Ministério Público (MP) quanto pelas defesa - própria e de Paulo Ivan. Ambos os réus negaram  envolvimento na morte da vítima.

Logo após, iniciaram os debates, com a sustentação oral, iniciada pelo MP e seguida pelos argumentos da defesa, iniciando por Ismael Bonetto e depois, pela defesa de Paulo Ivan, com esses, sendo alguns dos momentos mais tensos do julgamento, com trocas de palavras fortes entre ambas as partes.

Por volta das 20h, os jurados iniciaram a votação, que durou até por volta das 21h, quando foi proferida a sentença pelo Tribunal do Juri de Palmeira das Missões. Atuaram na acusação os Promotores de Justiça Ricardo Misko Campineiro e Rodrigo Alberto Wolf Piton, além dos advogados Antônio Luiz Pinheiro e Larissa Campagnolo (Assistência de Acusação). Os advogados Alexandre Bastian Hennig, Isabela Caminoto, Eduardo Davoglio de Souza, Lucas Estevan Duarte e Volnete Gilioli integraram a equipe de defesa.

Relembre o caso
 
O caso ganhou repercussão em janeiro de 2018, quando a contadora Sandra Mara desapareceu depois de sair de casa em Boa Vista das Missões, no noroeste gaúcho. O carro dela foi encontrado no município vizinho, Palmeira das Missões, último local onde foi vista com vida. O mistério gerou mobilização até a confirmação da morte, com a localização dos restos mortais, um ano depois. A ossada estava em uma mata no limite com o município de Condor.
 
A denúncia do Ministério Público afirma que Landfeldt não queria dividir o patrimônio do casal em eventual separação. A acusação sustenta que Sandra tinha conhecimento do envolvimento do marido em atos ilícitos, irregularidade e improbidade administrativa, em Boa Vista das Missões, e poderia levar isso ao conhecimento das autoridades. Segundo a denúncia, o então vereador teria contratado Bonetto e outros executores — não identificados pela investigação — para assassinar a vítima. Landfeldt teria prometido R$ 40 mil pelo assassinato e sumiço da mulher.
 
Segundo a denúncia do MP, em razão disso, Bonetto e os demais executores renderam Sandra, com armas de fogo, levaram a vítima até local ermo, onde ela foi assassinada. Inicialmente, o corpo teria sido escondido em matagais no interior do município de Vicente Dutra.
 
Em fevereiro de 2018, o marido de Sandra procurou a polícia para afirmar que estava sendo extorquido por um rapaz que afirmava estar com a contadora. Dois dias depois, o mesmo jovem, identificado como Ismael Bonetto, então com 22 anos, foi preso em Lages, Santa Catarina. A prisão mudou os rumos da investigação. Bonetto confessou à polícia que tinha sequestrado e assassinado com dois tiros a contadora, a mando do marido dela. No mesmo dia Landfeldt foi preso. Antes disso, porém, o marido teria removido o corpo de Sandra com auxílio de outras pessoas, não identificadas, até uma cova rasa, às margens da BR-285. No mesmo local, foi deixada uma sacola com cartões bancários, documentos e pertences da vítima.
 
Uma semana após a prisão, Bonetto voltou atrás e disse que mentiu sobre ter assassinado a contadora a mando do vereador. Contou que ficou sabendo do desaparecimento por uma vizinha e que decidiu extorquir Landfeldt, mentindo que estava com Sandra.  Mas não soube explicar por que disse à polícia que havia matado a mulher. A Polícia Civil entendeu, no entanto, que a primeira versão apresentada pelo jovem preso era a mais próxima do que aconteceu com a contadora e indiciou os dois. Até então, Sandra Mara seguia desaparecida.
 
O corpo da contadora foi encontrado um ano depois, em janeiro de 2019. A análise da arcada dentária confirmou que os restos mortais eram da vítima, mas a causa da morte não pôde ser apontada com precisão em razão do tempo transcorrido entre o óbito e a localização da ossada.
Fonte: Ramon Mendes - Jornalismo RP

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