Fenasoja 2024: Personalidades da Soja e instituições que marcaram história da agricultura são homenageadas
A Emater/RS-Ascar esteve entre os agraciados com o reconhecimento, em virtude de sua atuação na Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) em solo gaúcho nas últimas sete décadas
Protagonistas da história da agricultura brasileira, com ênfase na celebração dos 100 anos da soja no Brasil, foram homenageados pela Fenasoja 2024 nesta terça-feira (03). A Emater/RS-Ascar esteve entre os agraciados com o reconhecimento, em virtude de sua atuação na Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) em solo gaúcho nas últimas sete décadas. A honraria foi recebida pelas mãos do presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz.
Também receberam o Troféu, Walter Lehenbauer (neto do Pastor Albert Lehenbauer, que trouxe os primeiros grãos de soja), Embrapa (empresa pública vinculada ao Mapa, sendo a honraria recebida pelo chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno), AGCO (representada pelo gerente de engenheira de manufatura, Daniel Cantarelli), Everton dos Santos (AGCO), Fabrício Muller (AGCO), John Deere (troféu recebido pelo gerente de produção, Cleverson Silva), Paulo Sérgio Kappel (extensionista da Emater/RS-Ascar por 50 anos), Pedro Carpenedo (in memorian, com homenagem recebida pela filha Liliane Carpenedo), Paulo Herrmann (embaixador da Fenasoja), Jerônimo Goergen, Igol Indústria Gaúcha de Óleos Vegetais (homenagem recebida por Lydia Wong Ling, esposa de Sheun Ming Ling, e pelo filho Winston Ling), Aldemir Ulrich (vice-prefeito), Anderson Mantei (prefeito) e Prefeitura de Santa Rosa.
Acompanharam a solenidade diversas lideranças, entre elas o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, o gerente regional e a gerente adjunta da Emater/RS-Ascar, Valmir Thume e Ivania Polaczinski, gerência do Escritório Regional de Frederico Westphalen, Cleomar de Bona e Priscila Volpi, assistentes técnicos regionais e extensionistas.
O presidente da Emater/RS e superintendente da Ascar, Luciano Schwerz, agradeceu o reconhecimento à Instituição que completa 70 anos de história em 2025 e lembrou que a história da soja se encontra com a da Entidade com a criação da Ascar, em 1955, cuja atuação visava contribuir com o desenvolvimento técnico e a difusão de tecnologias que permitiram ao longo do tempo ampliar a área cultivada e principalmente alcançar ganhos de produtividade. “Exemplo disso foi a Operação Tatu, o Programa de Melhoramento da Fertilidade do Solo realizado a partir da década de 60 que, em parceria com diversas instituições de pesquisa e extensão, permitiu a incorporação de cerca de 3 milhões de hectares na área agrícola cultivada do RS, com a calagem e adubação, permitindo a evolução da área cultivada com soja e outras culturas”, destaca.
EMATER/RS-ASCAR E A AGRICULTURA GAÚCHA
O reconhecimento à Instituição reflete os resultados alcançados ao longo de sua história. Em 1955, quando da criação da Ascar, se entendia que era preciso levar as novas tecnologias para os agricultores e facilitar o acesso ao crédito. A primeira turma, com 28 extensionistas rurais do RS, era composta por 15 mulheres da área de bem-estar e 13 homens da área agronômica. Um movimento que mostra que desde o início a preocupação não era somente a produtividade, mas os aspectos sociais, a dignidade de quem vivia no meio rural.
Os desafios eram muitos, desde o saneamento básico, acesso à saúde e à alimentação, até os solos exauridos. Um projeto audacioso, mas necessário diante do êxodo que se acentuava, a partir da década de 60, passou a ser desenvolvida: a Operação Tatu. O nome fazia menção aos buracos feitos na terra para que amostras de solo fossem enviadas para análise química em um laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na ponta, contou com o papel fundamental da Ascar e, no caso de Santa Rosa, também com a Associação Rural para a execução do trabalho.
Lavouras demonstrativas foram implantadas e excursões partiam de diferentes regiões para conhecer a experiência em solos santa-rosenses.
Em virtude da crescente demanda interna, o Governo Federal passa a incentivar o plantio do trigo. O desenvolvimento da triticultura na década de 50 culminou na formação de cooperativas, armazenadoras e comercializadoras do grão.
Como o trigo é uma cultura de inverno, era preciso fomentar alternativas para o período de verão. A soja surge como um complemento ideal à cultura do trigo, contando também com o fomento e a assistência da Emater/RS-Ascar.
Foi entre as décadas de 70 e 80 que a transferência de tecnologias se transformou numa marca da ação extensionista. Na região de Santa Rosa, a correção da acidez do solo já não era mais suficiente para manter e ampliar os níveis de produção. Práticas conservacionistas – como curvas de nível, plantio em nível, terraceamento, controle de voçorocas, incorporação da palha de resteva e subsolagem profunda – foram incorporadas a partir da década de 80 e a expansão de novas culturas no sistema de rotação.
Hoje, a assistência desenvolvida pela Emater/RS-Ascar em parceria com as Secretarias Estaduais de Desenvolvimento Rural e de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, busca atender a estas novas demandas. Irrigação, solos, agricultura de baixo carbono, segurança e soberania alimentar, manejo integrado de pragas e doenças e tecnologias de aplicação que reduzem os impactos sociais e ambientais estão entre as orientações apresentadas.
A Emater/RS-Ascar assiste atualmente a mais de 200 mil famílias.
PAULO SÉRGIO KAPPEL
Falar de Paulo Sérgio Kappel é falar de referência e legado para a Extensão Rural e para a agropecuária brasileira. Foram 50 anos de contribuições à Aters gaúcha e sua atuação, como primeiro engenheiro agrônomo da região de Santa Rosa, também foi homenageada.
Com o estágio inicial concluído, Kappel seguiu de jipe do Escritório Central, em Porto Alegre, até Santa Rosa, onde inaugurou o Escritório Municipal da Ascar, em 1957. O desafio do trabalho começava pelo básico, em terras tomadas pelas barbas de bode e por condições precárias de moradia, saúde e alimentação.
Em 1958 passou a atuar no Escritório Regional de Santa Rosa, onde foi assistente técnico regional e destacou-se na área de solos e de suinocultura.
Na década de 60 se acentuava a preocupação com a baixa fertilidade do solo, associada à baixa produtividade. Foi então que Kappel, junto com outras lideranças visionárias, marcou a história da agricultura gaúcha. Ascar e Associação Rural se aliaram a técnicos do setor de solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), sob a orientação e participação de especialistas de solos da Universidade de Wisconsin (EUA), em uma iniciativa que culminou na Operação Tatu.
Paulo Sérgio Kappel foi gerente regional da Emater/RS-Ascar por diversas vezes e coordenou também trabalhos na área da suinocultura, com ênfase na melhoria genética dos suínos, que na época significavam um dos pilares da economia local. Esteve presente na 1ª Fenasoja, em 1966. A genética suína, inclusive, foi um dos destaques da programação.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar
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