Fumaça no céu deve ser observada por pelo menos mais um mês, dizem especialistas
Conforme pesquisadores ouvidos pela reportagem, não há como fazer uma projeção exata sobre a situação, que depende do avanço das queimadas e de outros fatores
A fumaça proveniente de queimadas continua encobrindo o céu no Rio Grande do Sul e em outras partes do país nesta sexta-feira (13). No Estado, o último dia em que o céu esteve mais aberto foi 6 de setembro, conforme a Climatempo. Com isso, muitas pessoas têm se perguntado quando haverá novos dias de céu azul e tempo limpo.
Conforme especialistas ouvidos pela reportagem, a fumaça deve ser observada por pelo menos mais um mês, com oscilações. Em geral, o tempo deve permanecer seco no país até meados de outubro, sendo que a condição pode se estender até o final do mês, segundo a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Karla Longo.
Ela destaca que a fumaça contribui para que o período de estiagem seja mais prolongado. Consequentemente, as queimadas agravam os efeitos das mudanças climáticas.
— Ainda teremos um período de bastante seca em outubro. Depois, mais para o final do mês, deve haver chuvas isoladas, mas não se sabe se serão intensas o suficiente para manter a terra e a vegetação úmidas a ponto de não haver condições de propagação do fogo — explica.
Karla salienta que não é possível fazer uma projeção exata a longo prazo, uma vez que isso depende dos incêndios florestais, que não são eventos naturais, mas sim resultado da ação humana. De acordo com a especialista, o país estará travando uma "batalha perdida" se seguir com foco no combate ao fogo e não tomar medidas efetivas de prevenção às queimadas.
Mudança lenta
A curto prazo, a situação deve melhorar no RS entre domingo (15) e terça-feira (17), com previsão de céu azul e livre de fumaça, conforme o meteorologista Henrique Repinaldo, do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel). No entanto, a condição da fumaça deve retornar a partir de terça-feira (18), com o tempo mais seco e favorável à disseminação das partículas.
Segundo o pesquisador, é necessário que haja uma mudança no padrão de chuvas, com precipitação mais intensa, para que a situação melhore, mas isso não acontece de forma imediata. Um dos fatores que pode contribuir com o aumento da umidade é o avanço do fenômeno La Niña, que causa um resfriamento anômalo das águas do Pacífico.
Outro fator importante é a chegada da estação chuvosa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, haverá condições menos propícias à disseminação do fogo, evitando as nuvens de fumaça que encobrem o céu.
Fonte: Sofia Lungui / GZH
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